domingo, 24 de fevereiro de 2013

Palace Hotel será reformado





O Palace Hotel, na Rua Chile, vai passar por uma reforma e deve ser reaberto antes da Copa de 2014. De acordo com a Coluna Vip do Jornal Correio, o projeto assinado pelo arquiteto David Bastos, irá transformar o Palace em um hotel de charme, com serviço cinco estrelas.

Construído em 1934, o hotel já abrigou também um cassino em sua época de nobreza. Fechado há cerca de oito anos, o empreendimento chegou a ser comprado por um grupo português, que desistiu do negócio. 

Um dos novos investidores do imóvel é o empresário paulistano Antonio Mazzafera que ainda mantém os detalhes do projeto em segredo. Ainda de acordo com a Coluna Vip, o grupo também comprou outros imóveis na área, que com a chegada do luxuoso Hotel Fasano, deve passar por uma revitalização.

Fonte: http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/palace-hotel-sera-reformado-e-abrira-antes-da-copa-de-2014/?cHash=2c97902437efc21d1703d4b40455ec4a

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Cruzada dos Mendigos





Em 1095, durante o Concílio de Clermont, o papa Urbano II convocou os exércitos de toda a Europa para lutar contra os “infiéis” muçulmanos que haviam tomado o controle da cidade de Jerusalém. A partir de seu pronunciamento, membros da classe nobiliárquica de todo o Velho Mundo organizaram os exércitos que integrariam a Primeira Cruzada. Contudo, o peso da ordem dada pelo chefe supremo da Igreja não causou efeito somente aos ouvidos dos nobres cavaleiros da época.
Enquanto os preparativos oficiais aconteciam, vários pregadores itinerantes correram o território europeu dando notícia sobre a decisão tomada pela Santa Sé. Entre esses propagadores do anúncio papal, Pedro, o Eremita, conseguiu mobilizar milhares de pessoas para a Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular. Sem reconhecimento papal, uma verdadeira massa de pobres, ladrões e camponeses desvalidos se dispuseram a marchar em direção à Terra Santa.
A concentração dessa cruzada aconteceu na cidade alemã de Colônia e contou com o auxílio do cavaleiro Gautier Sans Avoir (“Galtério Sem Bens”). Costurando cruzes vermelhas em suas roupas, esse exército desprovido de qualquer ordem, dinheiro ou comida atravessou vários territórios realizando assaltos, pedindo esmolas ou realizando furtos. Quando atingiram a Bulgária, os integrantes dessa infame cruzada foram fortemente combatidos pelos exércitos locais.
Em julho de 1096, mesmo com tantos contratempos, a multidão de carentes conseguiu chegar até a cidade de Constantinopla, onde realizaram uma série de saques que deixaram a população em desespero. Visando contornar a situação, o imperador bizantino Aleixo Commeno exigiu que o bando se alojasse nas fronteiras muçulmanas da cidade. Para que outras desordens não ocorressem, este governante incentivou os cruzados a se voltarem contra os mouros que ali viviam.
Apesar de bastante enfraquecidos, os seguidores de Pedro conseguiram chegar até a Ásia Menor e lutar contra os exércitos turcos da cidade de Niceia. Após uma primeira vitória, os cruzados tomaram uma fortaleza abandonada. Aproveitando da trégua, o sultão Kilij Arslan organizou um eficiente cerco que deixou os cruzados sem água. Passada uma semana, vários cruzados morreram ou saíram em luta desesperada contra os soldados que os espreitavam.
Milhares de cristãos foram aniquilados sem maior dificuldade. Alguns remanescentes foram capturados e vendidos como escravos aos mercadores. Os poucos que conseguiram escapar realizaram o caminho de volta ou foram acolhidos pela cruzada de cavaleiros que se preparava para adentrar o mundo oriental. Apesar de seu completo insucesso, a Cruzada dos Mendigos expunha os problemas econômicos que também motivaram o movimento cruzadista.

Por Rainer Sousa
Graduado em História


Fonte: http://www.brasilescola.com/historiag/a-cruzada-dos-mendigos.htm

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Breve histórico dos Números Complexos


Por: Adriano Santos da Rocha 
Contato: adrimatuesb@yahoo.com.br


Entre os séculos XV e XVI, a álgebra obteve resultados importantes graças aos esforços de vários matemáticos para encontrarem uma solução da cúbica através de radicais. Naquela época, os matemáticos tinham receio de operar com números negativos, desse modo, as equações cúbicas eram desmembradas em vários tipos, como as apresentadas por Al-Khayam que dependiam da posição do termo quadrático, do termo linear e do termo independente.
Há registros de que no século XVI, Scpione Del Ferro, descobrira uma fórmula utilizando radicais para resolver um certo tipo de cúbica. A inovação introduzida por Del Ferro consistia em um avanço para os padrões matemáticos da época, entretanto, infelizmente, essa descoberta ficara em segredo.

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A situação da mulher na Idade Média



A mulher assumiu diferentes lugares e significados ao longo de toda a Idade Média.


Ao falar sobre a situação da mulher no passado, muitos empreendem um discurso linear em que muitos fatos, experiências e valores históricos são simplesmente deixados para trás. Não raro, as mulheres têm o signo da submissão reservado a uma leitura equivocada, em que a suposta e recente libertação feminina tem seu valor fortalecido por essa interpretação negativa. No caso da Idade Média, ainda tida como o tempo das “trevas”, temos a impressão de que a religiosidade aparecia para reforçar ainda mais esse tipo de leitura superficial.
Nos fins da Antiguidade, a figura da mulher era colocada em muitas situações de superioridade em relação à população masculina. Em muitas culturas, a mulher era vista como um ser especialmente capaz de realizar certos encantamentos e receber favor das divindades. Sob o olhar do próprio Cristianismo primitivo, vemos que os relatos sobre Jesus Cristo reforçam a ideia de que o Messias valorizava imensamente a participação feminina em importantes eventos e que seu lugar não poderia ser desconsiderado.
Durante a propagação do Cristianismo, essa aura mágica e poderosa do feminino foi combatida por diversos clérigos que reafirmavam a igualdade entre homens e mulheres. Em termos gerais, tomando os gêneros como criaturas provenientes de uma mesma divindade, a suposta superioridade feminina era vista como uma falsidade que ia contra a ação divina. Com isso, o antigo discurso o qual a Igreja apenas detraiu a mulher, não correspondia às primeiras formulações que pensavam o lugar do feminino.
Na medida em que o celibato se tornou uma das exigências mais importantes da organização hierárquica da Igreja, notamos que a desvalorização feminina se põe como estratégia de manutenção da organização eclesiástica. Eva, vista como a grande responsável pelo pecado original, é uma das justificativas que aproximavam a mulher do pecado. Do mesmo modo, era a mulher que pedira a cabeça de São João Batista e que descobriu o segredo de Sansão e o entregou para a sua humilhante morte.
Contudo, já na Baixa Idade Média, vemos que esse processo de desvalorização, sedimentado pela Primeira Mulher, se transformava com a visão da Virgem Maria como um meio de renovação. Encarando diversos desafios em prol do jovem salvador, essa mulher determinava a constituição de outro olhar sobre o feminino. Não por acaso, vemos que o culto mariano, a canonização de mulheres e a reclusão nos conventos se elevam significativamente com esse tipo de reinterpretação.
Tendo em vista a condição demasiadamente sagrada da Virgem Santa, a figura de Maria Madalena também era colocada como uma possibilidade mais acessível aos cristãos daquela época. A mulher poderia se arrepender dos seus pecados e, desse modo, se firmar como uma figura positiva. De fato, vemos que a suposta reclusão feminina não correspondia à existência de algumas mulheres intelectualizadas e independentes que circularam durante a Idade Média.
Sendo um período histórico tão extenso, não teríamos condições próprias de abarcar todas as possibilidades de constituição da imagem feminina nesse tempo. Contudo, por meio dessa breve consideração, notamos que as mulheres assumiram papéis que extrapolaram os antigos preconceitos ainda reservados ao medievo. Sem dúvida, as mulheres medievais são muitas, variadas e dinâmicas, como as manifestações do tempo em que viveram.


Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola


Fonte: http://www.brasilescola.com/historia/a-situacao-da-mulher-na-idade-media.htm

História Regional


História da Chapada Diamantina

Os primeiros habitantes da Chapada Diamantina foram os índios. No século 17 chegaram os negros e os portugueses, que iniciaram uma economia baseada na exploração da agropecuária, e mais tarde, no garimpo de diamantes.

A Chapada foi sendo povoada gradativamente por grandes fazendas e comunidades quilombolas ¹, até que foram descobertos o ouro e o diamante, iniciando o ciclo do garimpo. A exploração do ouro perdurou por quase um século. Nessa época, foi construída a chamada Estrada Real para transportar o minério, que ligava a Chapada de Norte a Sul, de Jacobina a Rio de Contas. Com o declínio da produção aurífera, começa a exploração dos diamantes, responsável por trazer uma nova povoação à região, negociando com mercadores franceses, ingleses e alemães, mas que durou apenas 26 anos. A exploração da pedra começou em Mucugê, expandindo-se para o norte e para o sul, criando novos povoados, como Barra da Estiva, Rio de Contas, Igatu, Andaraí, Lençóis até Morro do Chapéu, definindo assim a região que passou a ser denominada de Chapada Diamantina, fazendo alusão à abundância do mineral e a sua formação geológica.





Por volta de 1870, o ciclo do diamante entra em decadência e no início do século 20, o diamante de aluvião se esgota e se inicia a era dos coronéis, em que as famílias dominantes disputavam o poder sobre o território. A principal figura desta época foi a do Coronel Horácio de Mattos, com memoráveis participações históricas, incluindo a ligação com Lampião ² e a perseguição à Coluna Prestes.


Entre 1980 e 1996 a economia da região foi reaquecida com base na extração mecanizada de diamante, que foi finalmente proibida com a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, dando início ao turismo.
 Comunidades remanescentes de quilombos, onde os escravos se refugiavam. Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, foi o principal integrante do Cangaço, movimento do nordeste brasileiro (início do sec. XX) marcado por ações violentas. ³ Movimento político-militar, existente entre 1925 a 1927, que percorreu mais de 24 mil km no interior do Brasil pregando reformas político-sociais e lutando contra a República Velha.

Fonte: http://www.guiachapadadiamantina.com.br/historia-e-cultura/historia

Para maiores informações sobre a história, culinária e outros atrativos da Chapada Diamantina, visitem o site: http://www.guiachapadadiamantina.com.br

O Sertão Brasileiro




ENGENHO DE ITAMARACÁ (Detalhe em Mapa) - George Marcgraf - 1643

O holandês e naturalista George Marcgraf chegou ao Brasil para fazer parte dos projetos urbanísticos e ocupacionais do governador Maurício de Nassau e da Companhia de Comércio das  Índias Ocidentais, em Pernambuco. Essa produção tinha foco e objetivo: criar condição político-administrativa para o triunfo econômico. Desta forma os

mapas de Marcgraf eram instrumentos a serviço das tropas holandesas, facilitando o deslocamento entre as fortalezas espalhadas ao longo do litoral brasileiro, entre Alagoas e Ceará, para proteção da rica área produtora de açúcar.

Na imagem, fragmento cartográfico, é possível ver o engenho em toda sua força producente: a moagem da cana, o carro de boi sendo descarregado, as fornalhas depurando o caldo para preparação do açúcar. O pano fundo da imagem é a casa grande.


Fonte: http://www2.unopar.br/sites/museu/exposicao_sertoes/sertoes06.html

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pretos de Ganho - Henry Chamberlain, 1822



19,9 x 27,9 cm 
Acervo Museu Castro Maya - RJ

A maior característica da obra de Chamberlain é demonstrar a inserção do negro na sociedade através do trabalho, independente da atividade desenvolvida. Em regra os negros de ganho eram escravos, embora na segunda metade do século XIX tenha crescido muito o número de homens livres, pardos ou não, a exercerem as funções comuns aos “negros de ganho”. Muitos anúncios explicitavam a preferência pela cor do prestador de serviço a ser contratado, sem predomínio dos elementos de origem européia. 
Na imagem vemos dois grupos de negros a transportarem dois barris de água; no primeiro grupo, com oito pessoas, temos o transporte do barril de água nos ombros com apoio de cordas e madeiras.
O segundo grupo, ao fundo, deslocando-se para a esquerda é formado por seis pessoas que, com a ajuda de um carrinho fazem o transporte de outro barril, também destinado ao abastecimento da água nas grandes cidades brasileiras, neste caso no Rio de Janeiro, cidade escassa de locais de boas águas perto do centro urbano.
O grande destaque desta obra é a não presença de elemento fiscalizador da atividade desenvolvida pelos negros de ganho, fato comum a atividade.

Fonte: http://www2.unopar.br/sites/museu/exposicao_negros/negro09.html

Litografia de Henrique Fleiuss, Semana Ilustrada, 1861


Tigreiros

Acervo Fundação Biblioteca Nacional


A inexistência de sistema de água e esgoto nas cidades brasileiras criou um grave problema: o que fazer com o abundante lixo produzido? Eram restos de comida, de animais e excrementos que careciam de uma destinação. O mais comum eram buracos abertos no fundo dos quintais, embora fosse prática contumaz o acúmulo dos restos em barris, denominados “tigres”, que ficavam o mais escondido possível em algum canto da casa, até atingirem condição de cheio. Neste momento recrutavam-se os préstimos dos escravos, denominados “tigreiros” para que os barris fossem levados para esvaziar nos rios próximos, ou no mar, cortando as ruas a deixar fedor notório, em meio ao ocultar da noite.
Os dejetos e “águas servidas”, como ficaram conhecidas as águas sujas, preocupavam as autoridades que buscavam regulamentar a prática, obrigando o uso de latrinas móveis e contendo tampas para diminuírem o mau cheiro e os riscos de doenças. Esta regulamentação foi alvo da charge afiada de Fleuiss, em 1861.

Fonte: http://www2.unopar.br/sites/museu/exposicao_negros/negro03.html

Aluá, Limões Doces e Cana-de-Açúcar




J. B. Debret, 1826 
Acervo Museu Castro Maya

Debret destacou-se pela forma alegre de inserir o negro na sociedade brasileira, em especial na cidade do Rio de Janeiro, sendo o grande responsável por construir o imaginário do cotidiano brasileiro, herdado do colonialismo português.
Nesta aquarela temos uma profusão de cores ao destacar as vestimentas das mulheres de ganho em suas atividades de comércio ambulante; cores que reforçam as expressões serenas e alegres, capazes de produzir dubiedade sobre as condições econômicas e sociais das mesmas. O fundo da tela retrata o centro da cidade do Rio de Janeiro, com pessoas nas portas das casas, uma carruagem a passar e o morro edificado ao fundo.
Aqui o autor usa cores suaves, negando-lhe um destaque maior, esvaziando sua importância, justamente para enfatizar e produzir destaque ao grupo em atividade cotidiana.
É preciso declinar o olhar e atenção ao título: Aluá é uma bebida refrescante, fermentada, consagrada como estimulante natural.


Fonte: http://www2.unopar.br/sites/museu/exposicao_negros/negro01.html

OS COMPANHEIROS DE DOM OBÁ: OS ZUAVOS BAIANOS E OUTRAS COMPANHIAS NEGRAS NA GUERRA DO PARAGUAI


Por: Hendrik Kraay

                                                                         


Pouco depois de as tropas aliadas atravessarem o rio Paraná e invadirem o sul do Paraguai em abril de  1866, Francisco Otaviano de Almeida Rosa escreveu jubiloso, de Buenos Aires, ao ministro da guerra: “Um abraço pelos nossos triunfos. Vivam os brasileiros, sejam brancos, negros, mulatos ou caboclos! Vivam! Que gente brava!” O entusiasmo do diplomata brasileiro pelos feitos militares dos seus patrícios não brancos coloca a questão do impacto da guerra na política racial brasileira. Na época, o Brasil era a maior sociedade escravista nas Américas, com um milhão e meio de homens e mulheres escravizados. Mas pelo menos quatro milhões de afrodescendentes li-vres ou libertos viviam no país e constituíam dois quintos da população total de dez milhões de habitantes. O significado da grande mobilização militar para essa população afro-brasileira ainda permanece uma questão controvertida, mas relativamente pouco estudada. Decerto, homens negros dominavam as fileiras brasileiras, embora a propaganda paraguaia, que retratava todos os soldados brasileiros como “macacos”, exagerasse no seu apelo ao preconceito racial. Para muitos, notadamente o historiador Júlio José Chiavenato, o grande número de homens negros nas fileiras brasileiras evidencia uma política genocida propositalmente executada pelos comandantes que usavam esses soldados como bucha de canhão, especialmente depois do começo do recrutamento sistemático de escravos em fins de 1866.3 Outros ecoam a declaração de Otaviano e vêem a guerra como uma experiência racialmente compartilhada que forjou a nacionalidade nos campos de batalha.4 A história de Cândido da Fonseca Galvão, mais conhecido como Dom Obá II (o título iorubá por ele adotado no Rio de Janeiro na década de 1880), que serviu numa das companhias de zuavos (compostas de homens negros) criadas na Bahia em 1865-66, revela a complexidade da experiência de guerra para a população negra. Profundamente monarquista, Dom Obá destacava seu serviço ao imperador como evidência do seu pertencimento à nação brasileira, mas também publicava críticas sofisticadas da discriminação racial que ele e o resto da população negra enfrentavam.

Fonte: http://www.afroasia.ufba.br/pdf/AA_46_HKraay.pdf



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HISTÓRIAS DE JOAQUINAS: MULHERES, ESCRAVIDÃO E LIBERDADE (BRASIL, AMAZONAS: SÉC. XIX)


Por: Ygor Olinto Rocha Cavalcante e Patrícia Melo Sampaio




Este tempo de instabilidade e morte foi o que viu nascer Joaquina. A memória de sua primeira infância deve ter sido marcada por certo temor causado pelas guerrilhas nos rios e igarapés, pelas emboscadas e ataques imprevisíveis dos cabanos no momento de dispersão do movimento.
Pouco sabemos de sua vida até os 18 anos. Contudo, é certo que a menina Joaquina fazia parte da terceira ou quarta geração de escravos de origem africana vivendo em terras amazônicas. Desde finais do século XVII, homens e mulheres embarcados em África atravessaram o Atlântico para trabalhar, em geral, nas atividades agrícolas, nos serviços urbanos e nas atividades ligadas à extração dos produtos da floresta.
Ao longo do século XVII e início do século XVIII, a incipiente rota de tráfico de escravos para o estado do Maranhão e Grão-Pará esteve assentada em três motivos básicos: as epidemias de varíola que dizimaram os trabalhadores indígenas em finais do Seiscentos; a estratégia da Fazenda Real de utilizar o comércio de africanos para dinamizar a reprodução do domínio militar na região; e, como resultado das leis de liberdade
indígena na década de 1680, a atuação da Companhia de Comércio do Maranhão. Nesse contexto, os “suspiros por um escravo de Angola” tornavam-se lamentações generalizadas pelo braço africano na sociedade colonial em formação. Este desejo, inclusive, era constantemente alimentado pela experiência bem sucedida do tráfico negreiro para o Estado do Brasil, cujos colonos e comerciantes engrossavam mais e mais os seus cabedais com o trabalho dos africanos. O papel da Coroa portuguesa foi vital neste processo e possuía dois objetivos: estabelecer uma conexão atlântica dinamizando a economia colonial no Maranhão e Pará, “calando os murmúrios” por escravos decorrentes dos problemas quanto à escravização dos índios, e solidificar sua presença em África.
Este quadro sofre sensível modificação quando das ações administrativas do Marquês de Pombal na segunda meado do XVIII. As chamadas “reformas pombalinas” intensificaram a entrada de africanos no Grão Pará e Maranhão e estabeleceram redes de abastecimento e escoamento dos produtos das lavouras da região, tais como o arroz, o algodão, e dos produtos da floresta (cacau, salsaparrilha, cravo, entre outros).


Fonte: http://www.afroasia.ufba.br/




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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Revolta dos Malês

Guerreiros bantu ‘covardões’ liderados por um ‘submisso’ descendente de Shaka Zulu na guerra dos ‘pusilânimes’ zulus contra os ingleses em 1879. Sei lá. Não sei do que o João José Reis está falando.
A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu na cidade de Salvador (província da Bahia) entre os dias 25 e 27 de janeiro de 1835. Os principais personagens desta revolta foram os negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros). Apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem negros e seguidores do islamismo. Em função destas condições, encontravam muitas dificuldades para ascender socialmente.



PARA FAZER O DOWNLOAD DO ARTIGO COMPLETO DE JOÃO JOSÉ REIS COMPLETO SOBRE A REVOLTA DOS MALÊS CLIQUE AQUI

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O CHEIRINHO GOSTOSO DO LANÇA PERFUME NO CARNAVAL DA BAHIA


Por Nelson Cadena



Muitos baianos já curtiam ou curtem um lança perfume no Carnaval. Em inícios do século XX, não passava pela cabeça de ninguém cheirar esse negócio. Lança perfume era um produto, então fabricado pela Rhodia, desodorizante com aroma semelhante ao L’Air dus Temps de Nina Ricci, produto fino para incrementar a paquera: jogava-se um cheirinho no cangote ou na orelha, assim meio distraído para disfarçar, mas nem tanto que deixasse passar despercebida a intenção.
Os lança-perfumes da Rhodia, chamados de Rodo, vinham embalados em vidro, em caixas contendo três unidades, e eram vendidos nos melhores magazines e armazéns da cidade. A propaganda caprichava nos apelos de venda estimulando o flerte como no anúncio do lança perfume Alice com o Pierrô cortejando a Colombina publicada na revista Única em Salvador.
Os lança-perfumes da Bayer disputavam-lhe espaço nas vitrines das lojas e nas páginas de propaganda das revistas. As marcas mais conceituadas eram Rodó, Alice, Flirt, Rigoletto e a substância era cloreto de etila.


Um dia alguém resolveu cheirar o produto, os fabricantes acrescentaram-lhe éter aos poucos e então o governo por decreto de Jânio Quadros e pressão do apresentador de TV Flávio Cavalcanti, proibiu em 1961 o seu uso. O lança perfume entrou na clandestinidade, deixou de ser fabricado por marcas tradicionais e passou a ser produzido no fundo de quintal e no Paraguai. E o decreto é obvio proibiu também a propaganda.



Fonte: http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/08/o-cheirinho-gostoso-do-lanca-perfume-no-carnaval-da-bahia/

O HOMEM QUE ENVIOU PARA A BAHIA MAIS DE 500 MIL ESCRAVOS


Por Nelson Cadena 

                                                  

                           Autor desconhecido. Francisco Felix de Souza, conhecido como Xaxá.


São grandes as chances do cidadão do retrato acima ter tido um papel determinante na sua vida, os secretos desígnios do sangue e da raça, ele responsável pelo envio de mais de 500 mil escravos do Golfo de Benin, para a Bahia no século XIX. O nome dele é Francisco Felix de Souza, conhecido como Xaxá, não se sabe até hoje se originário de Salvador, do Rio de Janeiro, ou de Portugal; em todo caso um personagem e tanto que chegou a ser considerado no seu tempo o homem mais rico do mundo.
O Xaxá viveu uma vida de fausto e esplendor, ainda que recluso pelas circunstâncias de sua profissão de comerciante de escravos. Não arriscava sair de sua feitoria para exibir sua riqueza nos salões da nobreza e dos potentados europeus. Temia a vigilância cerrada dos ingleses que desde 1807 policiavam, com relativo sucesso, o tráfico de seres humanos, apreendendo navios negreiros e estabelecendo multas, castigos diversos e prisão inclusive aos responsáveis e implicados.
O Xaxá era ele próprio um escravo no seu harém de fausto e esplendor, o ouro que possuía não podia sair do país e não tinha outra serventia a não ser a ostentação. Viveu como um Rei, exibindo grossas correntes de ouro no pescoço e numerosos anéis de brilhantes nos dedos e já idoso segurava na mão uma bengala com castão de ouro. Na mesa de jantar servia os convidados em rica porcelana chinesa, talheres de ouro, pratos de prata e copos talhados ornamentados com pedras preciosas.
Viveu como um monarca e morreu na hora certa, em 08 de maio de 1849, dois anos antes do último navio negreiro que aportou em Salvador: o Relâmpago. Este episódio marcou em definitivo o fim do comércio de seres humanos e se vivo fosse o Xaxá teria assistido a sua ruína, já que então possuía doze mil escravos para vender, ou seja, doze mil bocas para alimentar e doze mil corpos para cuidar e vestir, sem receita para cobrir os custos.
A sua morte repercutiu entre o governo e a elite da Bahia, em especial entre capitalistas, traficantes de escravos, capitães de navios e senhores de engenho; mas não menos do que no reino de Daomé (Benin) onde o Rei Ghézo enviou para seu funeral 80 Amazonas e quis sacrificar sete nativos na sua homenagem, rito este recusado pelo primogênito do Xaxá. Ao morrer deixou 51 mulheres viúvas (negras e mulatas) e mais de 80 filhos varões, um número inestimável de filhas mulheres e algumas centenas de netos.
O maior feitor de escravos que já existiu sobre a face da terra teve a Bahia como destino preferencial de seu comércio, em função dos convênios do privilégio da exportação de tabaco de refugo do Recôncavo para a África. Do Porto de Salvador saiam barcos contendo rolos de fumo que retornavam trazendo mão de obra escrava. E foi assim que centenas de milhares de africanos provenientes do Golfo de Benin aqui aportaram para viver e morrer, escravizados; para trabalhar e ter muitos filhos e descendentes que formaram a miscigenada família baiana.

Fonte: http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/13/o-homem-que-enviou-para-a-bahia-mais-de-500-mil-escravos/

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Zadig ou o Destino





Voltaire (François-Marie Arouet) foi um dos grandes filósofos do Iluminismo. Dentre as suas qualidades destaca-se a ironia, às vezes gentil, em outras sarcástica e, não poucas vezes, profundamente destrutiva. Suas obras dão sentido à velha máxima: “Ridendo Castigat Mores” (com o riso castigam-se os costumes). Zadig não é diferente; ironiza o poder, a organização política, a riqueza, o orgulho as pretensões da burguesia, a riqueza, a inveja e muito mais.



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Faça um Download e Também de um trecho do livro de Sidney Chalhoub: Visões da liberdade: Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte.




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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Senso comum






Fonte: Normalidade II - Quino e site Só Filosofia

“Quem não sabe encontrar o caminho ideal vive para ’seu’ de um modo mais leviano e insolente que um homem sem ideal.” Nietzsche

Senso comum


Senso comum

Crédito da Charge: Normalidade I - Quino  e site Só Filosofia

             “Chamamos senso comum ao conhecimento adquirido por tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos. Trata-se de um conjunto de idéias que nos permite interpretar a realidade, bem como um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, julgar e portanto agir.

            O senso comum não é refletido e se encontra misturado a crenças e preconceitos. É um conhecimento ingênuo, fragmentário e conservador. Com isso não queremos desmerecer a forma de pensar do homem comum, mas apenas enfatizar que o primeiro estágio de conhecimento precisa ser superado em direção a abordagem crítica e coerente, características estas que não precisam ser necessariamente atributos  de formas mais requintadas de conhecer, tais como a ciência ou a filosofia. Em outras palavras, o senso comum precisa ser transformado em bom senso, este entendimento como a elaboração coerente do saber e como explicação das intenções conscientes dos indivíduos livres.

             Qualquer pessoa, não sendo vítima de doutrinação e dominação, e se for estimulada na capacidade de compreender e criticar, torna-se capaz de juízos sábios.”

 Texto baseado no Livro Convite a Filosofia de Marilena Chauí

*P.S.: O senso comum de todo não é ruim. É a primeira forma que vemos o mundo, sem as explicações científicas e atitude crítica. Acredito que o senso comum é a base do conhecimento. Concordo com Rubem Alvez quando ele afirma em A Filosofia da Ciência que a ciência virou um mito, ou seja, inquestionável, e como sabemos todo mito é perigoso, pois impede o pensamento e constrói comportamentos. O que é o senso comum nesta perspectiva? Nada mais é do que a ciência refinada.  A aprendizagem da ciência é um processo de desenvolvimento progressivo do senso comum.


Fonte: http://blogfilosofiaevida.com/index.php/2010/02/17/o-senso-comum-2/

A Razão na História


Hegel



A Razão na História

A Razão na História é o nome que recebeu a introdução de Lições sobre Filosofia da História que segundo Robert S. Hartman, por sua vez autor da introdução didática a este livro, é a parte que contém a definição de Hegel sobre a questão.




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A Era das Revoluções -


Por Eric J. Hobsbawm


RESUMO DO LIVRO

Este livro traça a transformação do mundo entre 1789 e 1848 na medida em que essa transformação se deveu ao que aqui chamamos de "dupla revolução": a Revolução Francesa de 1789 e a revolução industrial (inglesa) contemporânea. Portanto, não se trata estritamente de um livra de história da Europa, nem tampouco do mundo. Na medida em que um determinado país tenha sentido as repercussões da dupla revolução nesse período tentei referir-me a ele, embora frequentemente de maneira superficial. Sempre que esse impacto da revolução fosse irrelevante, omiti-o. Logo, o leitor encontrará aqui alguma coisa sobre o Egito, mas não sobre o Japão; mais sobre a Irlanda do que sobre a Bulgária, mais sobre a América Latina do que sobre a África. Naturalmente isto não significa que as histórias dos países e povos omitidas neste livro sejam menos interessantes ou menos importantes do que as que aqui se incluem. Se sua perspectiva é primordialmente europeia, ou mais precisamente franco-britânica, é porque nesse período o mundo - ou pelo menos uma grande parte dele - transformou-se a partir de uma base europeia, ou melhor, franco-britânica. 



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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Quem mexeu no meu Queijo?

Uma maneira fantástica de lidar com as mudanças em seu trabalho e em sua vida.
Spencer Johnson, M. D.
Prefácio de Kenneth Blanchard, Ph.D.
Co-autores de O Gerente-Minuto



 RESUMO DO LIVRO

Quem mexeu no meu queijo conta a historia de 2 homenzinhos chamados HEM e HAW e dois ratos chamados SNIFF e SCURRY, todos se alimentavam de queijos de vários tipos, porem tinham que sair a procura dos mesmos pelas ruas e havia muitos labirintos onde nunca eles haviam passado, e achavam perigosos. Em uma de suas busca por queijos HEM e HAM acharam um no posto C recheado de queijos, de vários tipos, cores, tamanhos, eles ficaram encantados e partir desse dias todas as manhas eles iam para o posto C buscar o queijo deles. Já SNIFF e SCURRY corriam atrás do queijo pelo cheiro, quando chegavam a um labirinto que estava vazio eles voltavam e entravam em outro, ate que encontram o tão suculento queijo. O que o livro passa e que no mundo existem pessoas como os ratinhos SNIFF e SCURRY e os homenzinhos HAM e HEM, quando se deparam com o desconhecido ou com o inesperado cada ser tem uma reação.

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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

História econômica da Bahia


Esta Aula Web  tem como objetivo apresentar a história econômica da Bahia. Nela, devemos compreender a grande contribuição do Recôncavo baiano para a economia regional.
Através da leitura do texto você terá a oportunidade de compreender um pouco da história econômica da Bahia, é bem verdade que o texto vai apresentar de forma panorâmica para você a gênese da economia do Estado da Bahia no tempo e no espaço. Sendo assim, entenda que essa nossa primeira Aula Web será apenas uma introdução ao tema em questão. Após a leitura do texto, tente resolver as atividades propostas. Lembrem-se de postar seus comentários, dúvidas e sugestões. Bons estudos!

Mapa de Maragogipe.
Fonte: http://historia.zevaldoemaragogipe.com/2012/11/exercicios-de-historia-medieval-do.html

A economia da Bahia colonial foi, desde o início, voltada para o mercado externo, respondendo às exigências da metrópole e do comércio europeu. Segundo Tavares (1987) entre outros autores, era uma economia de exportação, mercantil, agrária e escravista.
Desta maneira o país produziu e consumiu somente o que interessava ao comércio externo, mais especificamente o de Portugal, funcionando como produtor de matéria-prima e consumidor de produtos manufaturados e escravos. À colônia não cabia a produção industrial ou literária, podia apenas comprar da metrópole o que era proibida de produzir. Segundo Alencar (1981) fábricas, imprensa e circulação de livros sempre sofreram sérias restrições. A colônia não podia manufaturar ou industrializar e só podia comercializar com a metrópole e nunca concorrer com ela. Segundo Junior (1994) a economia brasileira era complementar a portuguesa devendo suprir as necessidades desta última. Foi o Brasil uma colônia de exploração por mais de três séculos.
A base da economia na Bahia colonial foi, sem dúvida, o trabalho escravo que sustentou todos os ciclos econômicos até o século XIX, enriquecendo cada vez mais os senhores brancos. Além de ser mão-de-obra sem custo, no caso não remunerada, o escravo era importante mercadoria humana e dava grandes lucros aos traficantes portugueses, que venderam nos séculos XVI, XVII e XVIII dois milhões de escravos negros no Brasil, segundo Alencar (1981).
A escravidão também permitia a existência de trabalho livre e assalariado dos que desempenhavam funções de vigilância dos escravos ou que exigiam conhecimento técnico. Permitiu rápido enriquecimento dos portugueses moradores do Brasil e para comerciantes de vários países europeus como França e Itália.
O porto de Salvador, único para a exportação de produtos baianos teve grande importância e intenso movimento durante o desenvolvimento da economia no estado voltada para a exportação para a Europa, África e outras capitanias.
Dividida em ciclos, a economia da Bahia e de toda a colônia caracterizou-se como extrativista, inicialmente. Já nas primeiras expedições exploradoras das terras brasileiras nos anos de 1501 e 1503, os portugueses detectaram na mata atlântica do litoral baiano a ocorrência, em abundância, do chamado pau-brasil. O pau-brasil é uma madeira de interior cor de brasa (daí o nome Brasil) da qual se extraía um corante muito usado na indústria têxtil européia e de valor comercial para a construção civil e naval.
Desde a descoberta do pau-brasil na colônia, o rei de Portugal estabeleceu monopólio da metrópole sobre sua exploração, cobrando impostos sobre os lucros obtidos com a comercialização do produto.
Os portugueses transportavam pau-brasil para a Europa e lucravam muito com esse comércio, mas eram os índios que cortavam as árvores, rachavam as toras e transportavam o pau-brasil até as feitorias criadas no litoral para armazenar o produto. Além disso, eram também os índios que carregavam o navio e trocavam seu trabalho e o produto por facas, espelhos, tecidos e outros objetos de irrisório valor comercial para os Portugueses. Assim se estabeleceu na Bahia e em todo o Brasil a troca direta de produto por produto chamada escambo.
Os franceses também fizeram escambo com os índios e exploraram largamente o pau-brasil do litoral da Bahia, desde a região de Rio Real até a Baía de Todos os Santos.
Ainda no século XVI, a produção do açúcar foi escolhida para iniciar a exploração permanente do Brasil. O açúcar era muito raro e procurado na Europa e Portugal já o produzia em suas ilhas no atlântico quando decidiu implantar a cultura da cana no Brasil. As terras baianas do tipo massapé mostraram-se perfeita para o cultivo da cana-de-açúcar e o clima do Nordeste beneficiava seu desenvolvimento. A grande quantidade de mão-de-obra necessária para a derrubada da mata, preparação do solo, plantio e colheita da cana e processamento do açúcar veio da África como escravos negros.Os escravos eram responsáveis por todo tipo de trabalho nas fazendas chamadas engenhos. Plantavam e colhiam cana, processavam o açúcar nos engenhos, trabalhavam na casa grande e em outros serviços.
A cana era plantada em grandes latifúndios como monocultura e processada nos engenhos das fazendas. Em 1585 a Bahia já possuía 35 engenhos de açúcar, no fim do século XVIII já eram 260 espalhados pelo Recôncavo. Em 1834 havia na Bahia 603 engenhos de açúcar e em 1875 já eram 892, a vapor, hidráulico ou de tração animal. 
No final do século XIX, o açúcar, embora apresentando sinais de declínio, ainda cumpria importante papel na economia da Bahia a ponto de serem construídos engenhos centrais que permitiam maior eficiência e controle da produção no estado.
O açúcar produzido no Brasil era vendido aos holandeses que por sua vez o distribuíam para toda a Europa, sendo a Bahia um dos principais produtores do gênero para exportação. Quando os holandeses foram expulsos do Brasil, deixaram de comercializar o açúcar brasileiro. Financiaram a produção do açúcar nas Antilhas que passaram a concorrer com o Brasil pelo mercado europeu. Graças à larga experiência holandesa na distribuição do produto , o açúcar antilhano logo dominou o mercado europeu e promoveu a decadência da economia açucareira na Bahia e no Brasil.
Ao lado do açúcar, o algodão e o fumo desempenharam importante papel para a economia das mais importantes regiões baianas.
Desde o século XVI a Bahia produziu e exportou algodão em menor quantidade que o açúcar, já que o comércio, externo para o qual toda a colônia devia servir, interessa-se menos pelo algodão, no momento. A produção do algodão teve seu auge no século XIX, período em que a Inglaterra passou a comprar a matéria-prima do Brasil. No entanto. Após reatar relações comerciais com suas ex-colônias americanas produtoras de algodão, a Inglaterra ao deixar de comercializar com a Bahia, promove um enfraquecimento na produção do algodão que volta a atender apenas o mercado português e o mercado interno.
Em relação ao fumo, a Bahia manteve de estável a crescente a produção que não era direcionada ao mercado europeu, mas sim ao africano. As regiões chamadas tabuleiros (Cruz das Almas e Cachoeira, por exemplo) produziram e ainda produzem fumo que, à partir de do século XVIII melhorou muito em qualidade na tentativa de atingir o mercado europeu.
Segundo Tavares (1987) diversos outros produtos foram produzidos e exportados pela Bahia nos séculos XVI,XVII e XVIII como couros, aguardente, mel, diversos grãos e produtos da mandioca.
Ainda no século XVIII, também ouro e pedras preciosas foram extraídas das terras baianas, mais precisamente de Jacobina, Rio de Contas, Araçuaí e Tucambira. No entanto, Portugal preferiu concentrar a produção de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais, a ponto de fechar minas de ouro da Bahia, mesmo havendo no século XVIII cerca de 2000 mineradores no estado.
O gado introduzido no Brasil ainda em 1551 por Tomé de Souza passou, no século XVI, a concorrer com as plantações de cana pela terra do litoral. Durante muito tempo, a criação de gado ateneu às necessidades das populações locais, era a criação para consumo próprio. Com o crescimento dos rebanhos a extensão de terra do litoral baiano tornou-se pequena; ou se plantava cana ou se criava gado. O açúcar ainda era muito lucrativo e os interesses do mercado externo se sobrepunham em importância. A criação de gado chegou a ser proibida no litoral e banida para o sertão de todo o Nordeste. Dessa forma, a pecuária migrou em direção ao interior do estado da Bahia adaptando-se ao clima semi-árido e abrindo os caminhos dos sertões. A pecuária teve grande importância para a exploração do interior do estado, através das marchas das boiadas ligou regiões distantes e promoveu a fundação de cidades importantes como Feira de Santana. Segundo Alencar (1981) foi assim a colonização do sertão, promovida pelos vaqueiros que viajavam cada vez mais em direção ao centro do estado e do país.
Cidades como Vitória da Conquista, Xique-Xique, Juazeiro, Feira de Santana, Barreiras e Alagoinhas foram importantes pontos de pecuária do estado e grandes beneficiadores do couro que também era artigo de exportação do estado.
No século XIX a economia baiana ainda tentava responder às exigências do mercado internacional produzindo e exportando produtos primários. No entanto, diversificou um pouco seus produtos sendo ainda o açúcar o mais importante para a exportação, seguido do fumo, diamantes, café, couros, aguardente, cacau e algodão.
Sem dúvida, o comércio tornou-se no século XIX a principal atividade econômica da Bahia, principalmente de sua capital Salvador. Os grandes comerciantes baianos eram exportadores muito importantes para a economia de todo o país, mas a cidade abrigava outros tipos de comércio. Havia desde bancos até vendedores ambulantes, passando pelos lojistas dos mais diversos artigos e produtos que a sociedade baiana exigia.
Até a abertura dos portos eram os luso-brasileiros que dominavam o comércio, após a abertura dos portos os comerciantes estrangeiros passaram a dominar o comércio baiano, permanecendo na mão dos luso-brasileiros o papel de intermediário, lojista ou traficante de escravos negros. Os ingleses se destacaram em setores como a exportação e a importação de produtos nos portos baianos e brasileiros de modo geral, nos grandes comércios, nas casas bancárias e nas indústrias.
Instalou-se em 13 de novembro de 1840 a Associação Comercial da Bahia, segundo Mattos (1961). Segundo Mattoso (1992), na tentativa de forjar seu próprio sistema bancário, os grandes comerciantes da Bahia criaram em 1817 o Banco da Bahia, que operava como filial do primeiro Banco do Brasil e em 1834 foi fundada a Caixa Econômica do Estado da Bahia. O New London and Brasilian Bank Limited foi o mais importante banco estrangeiro desse período, segundo Tavares (1987). Após esse período houve grande queda de exportação dos produtos baianos o que tornou o comércio apático e estagnado por algum tempo.
No início do século, em 1808 foi cancelada a proibição da atividade industrial na colônia e na Bahia já havia a permissão para a construção de uma fábrica de recipientes de vidro. A partir de então a industrialização na colônia inicia lento processo de implantação e desenvolvimento.
A industrialização na Bahia iniciou-se efetivamente em 1841 com a instalação de fábricas de tecidos grosseiros de algodão que chegaram ao número de sete fábricas passados 32 anos. Os ingleses se tornaram peças importantes e até fundamentais neste processo já que monopolizavam a experiência e o conhecimento em relação às máquinas utilizadas. Na Bahia da mão-de-obra escrava foram os estrangeiros os donos ou técnicos das industrias nascentes, sobrando para os brasileiros apenas o trabalho "pesado".
Foram se estabelecendo lentamente na Bahia no século XIX, mais especialmente na Segunda metade do século indústrias, estradas de ferro, companhias de navegação, seguros e outros. Em setembro de 1887 foi fundada uma fábrica de chapéus com cerca de 250 operários. Em 1865 foi fundada uma farmácia e drogaria. Em 22 de fevereiro de 877 iniciou-se a industrialização do sal na Bahia.
Em 1879 a construção da Estrada de Ferro Bahia e Minas começou a permitir melhor escoamento da pequena produção das indústrias nascentes no estado . Em 1899 existiam 1248 quilômetros em tráfego, 30 anos depois eram 2669 - Bahia ao São Francisco; Central; santo Amaro; Nazaré; Bahia-Minas; Centro-Oeste e Ilhéus-Conquista. Havia também a preocupação com a construção de estradas de rodagem iniciadas no começo do século XIX. Houve também a ampliação do transporte por via marítima que alcançava cidades do Recôncavo como Nazaré São Félix e Itaparica, portos do litoral atlântico e Alagoas e Sergipe. Em relação ao transporte urbano, em 1897 trafegou o primeiro bonde elétrico pelas ruas de Salvador. Os dois planos inclinados junto com o Elevador Lacerda , inaugurado em 08 de dezembro de 1872 já ligavam a cidade baixa e a alta diminuindo o percurso e o tempo de deslocamento. Logo outros serviços começaram a ser desenvolvidos no estado e em 2 de maio de 1884 instalou-se o serviço de telefone em Salvador.
Segundo Garcez (1975), a Bahia viveu um período de relativa prosperidade do fim do século XVIII até o primeiro quartel do século XIX, graças ao estímulo trazido pelas guerras de independência das colônias inglesas na América que deixavam livre o mercado com a Europa. Também a revolução industrial permitia melhorias na exportação de algodão e as guerras napoleônicas que desarticularam a produção das colônias francesas e inglesas, aumentavam a demanda externa de produtos brasileiros tradicionais na exportação. Em 1900 e 1901 o açúcar europeu de beterraba já representava 68% da safra mundial.
No entanto, a partir das lutas pela independência, o Brasil começa a sofrer restrições do mercado internacional o que reduziu muito as exportações de açúcar, algodão e fumo. Já no fim do século XIX, a febre da industrialização sem planejamento, mergulhou o país inteiro em uma das maiores crises da história que promoveu numerosas falências. A própria libertação dos escravos em 1888 provocou grande declínio na economia baiana, ainda baseada no trabalho escravo e no tráfico.
A Bahia viveu então um período de estagnação na indústria e no comércio , principalmente em função da crise da sua principal riqueza, o açúcar. Esse fator ocasionou queda dos preços e afetou a balança comercial baiana. A exportação do fumo, ligada ao tráfico, foi afetada pelo fim oficial da escravidão no Brasil e pela concorrência da América do Norte que reatou as ligações comerciais com a Europa.
O cacau e o café surgiram então como alternativas que poderiam substituir o açúcar o algodão e o fumo na economia exportadora baiana. Diferente dos estados do sudeste, os solos e o clima da Bahia não favoreceram a produção do café. No entanto, o cacau encontrou no sul da Bahia solo e clima adequados para o seu desenvolvimento e produção, demonstrando ser um eficiente substituto do açúcar.
Segundo Garcez (1979), o cacau foi introduzido na região em meados do século XVIII, importado do Pará. De 1890 a 1930 o cacau se fixa como importante produto de exportação e monta-se toda uma estrutura de produção e comercialização do cacau e seus derivados. A partir de 1926 além do Porto de Salvador, o Porto de Ilhéus passou a exportar o cacau baiano. 
A crise da economia mundial de 1929 afetou a exportação de todos os produtos voltados ao mercado externo, inclusive o cacau. Outros problemas, como pragas, aliados à crise promoveram a criação do Instituto do Cacau em 8 de junho de 1931.
No século XIX e XX alguns produtos andaram lado a lado com o cacau na exportação como cana, mandioca, feijão, milho, fumo e diversas frutas e verduras. Merece destaque a cultura do algodão, mamona e sisal já que é a Bahia um dos maiores produtores regionais. A pecuária ainda é uma das mais importantes atividades econômicas do sertão baiano e em parte do Recôncavo. A Bahia é um dos principais estados produtores de leite do Nordeste do Brasil.
Segundo CEPLAB (1978), na última década do século XIX, a economia baiana registrou um surto de empreendimentos industriais que marcou o nascimento da indústria fabril no Estado, independente da economia açucareira.
No entanto, as décadas seguintes apresentaram, sob todos os aspectos, sintomas de estagnação econômica. Até os anos 50 do século XX a economia estadual não permitia a evolução em direção à industrialização. 
A grande mudança se deu a partir de 1949 com a implantação da PETROBRÁS que iniciou a exploração dos campos de petróleo do Recôncavo e a instalação da Refinaria Landulfo Alves (Mataripe). Posteriormente a criação da SUDENE e incentivos fiscais promoveram fortalecimento da industrialização de toda a região Nordeste. Tudo isso junto provocou grandes repercussões na economia baiana e importantes melhorias como a mudança na estrutura do parque industrial, na composição do valor de transformação industrial, na formação da renda interna total e industrial e no próprio espaço econômico.
O CIA (Centro Industrial de Aratu) e distritos industriais como os de Subaé, Ilhéus, Jequié entre outros iniciaram a industrialização do Recôncavo e de parte do interior do estado. A implantação da indústria petroquímica na Bahia, concentrada na Região Metropolitana de Salvador (em Camaçari), supriu as necessidade de material da indústria química baiana em franco desenvolvimento. A chamada indústria de transformação é ainda de grande importância para a economia baiana e seu desempenho esteve em 1998 superior ao da indústria de transformação nacional.
Segundo Análise & Dados, até o início dos anos 60, o comércio baiano concentrou-se na exportação. Foram produtos como açúcar, algodão, farinha e por último o cacau que reinaram na produção do estado, nada preocupado com o mercado interno. Com a industrialização o comércio tornou-se mais dinâmico. No entanto, um estado de apatia permanece instalado na economia baiana e o número de vendas, exportações e empregos nunca voltou a ser como nos períodos de ouro da exportação.
A partir de 1967 o turismo na Bahia ainda pouco representativo, passou a ser explorado de forma planejada. Foram criados órgãos especializados em turismo como a BAHIATURSA, a CONBAHIA e a EMTUR, e projetos de valorização dos recursos naturais e do Patrimônio Histórico passaram a ser implantados lentamente. Hoje a indústria do turismo é uma das maiores geradoras de divisas do estado, focalizando cidades litorâneas como Salvador, Ilhéus e Porto Seguro entre outras.
Por fim, nos anos 90, grandes transformações na economia brasileira promoveram oscilações na economia do estado da Bahia que se mantém hoje dividida entre turismo, as indústrias de transformação e automobilísticas.

Obs.: O autor do texto não foi identificado.

Fonte: http://www.visiteabahia.com.br/visite/historiadabahia/detalhes.php?id=9

Atividades:

Questão 01: Sobre a economia da Bahia é INCORRETO afirmar que:

a) A agricultura é de fundamental importância para a economia estadual, com destaque para os cultivos de cacau, cana-de-açúcar, soja, mandioca, mamona, etc.

b) O setor industrial é impulsionado pelo segmento petroquímico, visto que a Bahia está entre os maiores produtores de petróleo do Brasil.

c) O território baiano, que possui grandes reservas minerais, abriga a única mina de urânio em operação na América Latina.

d) As belezas naturais, além da riqueza histórica da Bahia, atraem milhares de visitantes, tornando o turismo uma das principais fontes de receitas financeiras do estado.

e) Em razão do clima, a pecuária apresenta pouca representatividade para a economia local. Essa atividade se limita apenas à criação de gados.


Questão 02: Levando-se em consideração que um dos fundamentos da colonização portuguesa no Brasil foi a estruturação de redes de poder e mecanismos de controle capazes de facilitar a exploração econômica do território e disciplinar os agentes sociais envolvidos nesse processo, explique e dê exemplos da importância da cidade de Salvador no contexto da economia baiana não apenas na qualidade de centro do poder político estatal e de outros micro-poderes, mas, sobretudo, como núcleo principal de uma economia.