segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

OS COMPANHEIROS DE DOM OBÁ: OS ZUAVOS BAIANOS E OUTRAS COMPANHIAS NEGRAS NA GUERRA DO PARAGUAI


Por: Hendrik Kraay

                                                                         


Pouco depois de as tropas aliadas atravessarem o rio Paraná e invadirem o sul do Paraguai em abril de  1866, Francisco Otaviano de Almeida Rosa escreveu jubiloso, de Buenos Aires, ao ministro da guerra: “Um abraço pelos nossos triunfos. Vivam os brasileiros, sejam brancos, negros, mulatos ou caboclos! Vivam! Que gente brava!” O entusiasmo do diplomata brasileiro pelos feitos militares dos seus patrícios não brancos coloca a questão do impacto da guerra na política racial brasileira. Na época, o Brasil era a maior sociedade escravista nas Américas, com um milhão e meio de homens e mulheres escravizados. Mas pelo menos quatro milhões de afrodescendentes li-vres ou libertos viviam no país e constituíam dois quintos da população total de dez milhões de habitantes. O significado da grande mobilização militar para essa população afro-brasileira ainda permanece uma questão controvertida, mas relativamente pouco estudada. Decerto, homens negros dominavam as fileiras brasileiras, embora a propaganda paraguaia, que retratava todos os soldados brasileiros como “macacos”, exagerasse no seu apelo ao preconceito racial. Para muitos, notadamente o historiador Júlio José Chiavenato, o grande número de homens negros nas fileiras brasileiras evidencia uma política genocida propositalmente executada pelos comandantes que usavam esses soldados como bucha de canhão, especialmente depois do começo do recrutamento sistemático de escravos em fins de 1866.3 Outros ecoam a declaração de Otaviano e vêem a guerra como uma experiência racialmente compartilhada que forjou a nacionalidade nos campos de batalha.4 A história de Cândido da Fonseca Galvão, mais conhecido como Dom Obá II (o título iorubá por ele adotado no Rio de Janeiro na década de 1880), que serviu numa das companhias de zuavos (compostas de homens negros) criadas na Bahia em 1865-66, revela a complexidade da experiência de guerra para a população negra. Profundamente monarquista, Dom Obá destacava seu serviço ao imperador como evidência do seu pertencimento à nação brasileira, mas também publicava críticas sofisticadas da discriminação racial que ele e o resto da população negra enfrentavam.

Fonte: http://www.afroasia.ufba.br/pdf/AA_46_HKraay.pdf



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