Por Nelson Cadena
Muitos baianos já curtiam ou curtem um lança perfume no Carnaval. Em inícios do século XX, não passava pela cabeça de ninguém cheirar esse negócio.
Lança perfume era um produto, então fabricado pela Rhodia, desodorizante com
aroma semelhante ao L’Air dus Temps de Nina Ricci, produto fino para
incrementar a paquera: jogava-se um cheirinho no cangote ou na orelha, assim
meio distraído para disfarçar, mas nem tanto que deixasse passar despercebida a
intenção.
Os lança-perfumes da
Rhodia, chamados de Rodo, vinham embalados em vidro, em caixas contendo três
unidades, e eram vendidos nos melhores magazines e armazéns da cidade. A
propaganda caprichava nos apelos de venda estimulando o flerte como no anúncio
do lança perfume Alice com o Pierrô cortejando a Colombina publicada na revista
Única em Salvador.
Os lança-perfumes da
Bayer disputavam-lhe espaço nas vitrines das lojas e nas páginas de propaganda
das revistas. As marcas mais conceituadas eram Rodó, Alice, Flirt, Rigoletto e
a substância era cloreto de etila.
Um dia alguém
resolveu cheirar o produto, os fabricantes acrescentaram-lhe éter aos poucos e
então o governo por decreto de Jânio Quadros e pressão do apresentador de TV
Flávio Cavalcanti, proibiu em 1961 o seu uso. O lança perfume entrou na
clandestinidade, deixou de ser fabricado por marcas tradicionais e passou a ser
produzido no fundo de quintal e no Paraguai. E o decreto é obvio proibiu também
a propaganda.
Fonte: http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/08/o-cheirinho-gostoso-do-lanca-perfume-no-carnaval-da-bahia/
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